30/06/2011

Público lota auditório do Teatro Bela Vista


O auditório do Teatro Belo Vista ficou lotado, no segundo dia da Mostra de Bonecos Bauru 2011 – Festival Internacional de Teatro de Bonecos. A Companhia Mariza Basso Formas Animadas esbanjou criatividade na apresentação do espetáculo “João Come Feijão”.

O coordenador da Oficina Cultural Glauco Pinto de Moraes, Paulo Rogério Pereira, fez a abertura do evento ressaltando a importância da participação do governo do Estado na realização da Mostra que, por meio da Secretaria de Estado da Cultura, acreditou no projeto idealizado pela artista bonequeira Mariza Basso.

Foi justamente Mariza quem subiu ao palco ao lado de Julio Hernandes, para comandar o espetáculo inspirado no conto de fadas de Joseph Jacobs: “João e o pé de Feijão”.
A criatividade fez com que utensílios de cozinha, pá de lixo, vassouras, entre outros, fossem transformados pelos artistas em personagens, tornando-se parte da história que encantou o público.

As aventuras do boneco João -que é seduzido pelo desejo de enriquecer rapidamente, mas acaba por descobrir valores mais importantes na vida - mexeu com a cabeça de crianças e adultos que prestigiaram o espetáculo.

“Maravilhoso. Espetacular. Bauru precisava de um evento como este. As crianças trabalham com esses objetos em sala de aula, ensinamos a usar coisas de casa para fazer bonecos. O espetáculo fechou com chave-de-ouro e reforçou o trabalho que fazemos em sala de aula”, disse a professora do Colégio São Francisco, Mariane Carrara Delabone Andrade.
Quem foi até o local para aprender algo novo, não voltou de mãos vazias. Foi o que disse Cristiane Osaka, técnica de Apoio Educativo do Centro de Reabilitação de Lábios Palatais de Bauru (Centrinho).
“Trabalho no Centrinho onde faço contação de história todos os dias para crianças. Vim para levar idéias e aprender. Achei o espetáculo lindo, muito bom e criativo. Temos que valorizar o trabalho destes artistas e esse espaço que estão abrindo. Isso enriquece, além de dar oportunidade a crianças que não tem acesso a essa cultura, disse ela.
O garoto Luan, de 11 anos, que foi apenas assistir o espetáculo, se envolveu com a magia dos bonecos.
“Achei muito legal. Gostei de tudo. Mas a vaquinha foi bastante legal”, disse ele. A vaquinha é Matilde, uma das personagens da história.
A satisfação aparente do público compensou o cansaço e o improviso da atriz Mariza Basso, que vem trabalhando há meses na idealização do festival.
“Apesar da correria a apresentação foi ótima. Não tivemos muito tempo. É complicado cuidar da Mostra e também de todos os detalhes do espetáculo. Tudo requer muita dedicação, ainda mais hoje que tivemos a estréia do Júlio Hernandez. Mas deu tudo certo”, disse ela.
A resposta pelo esforço e dedicação não poderia ter sido melhor. Alunos do Colégio São Francisco, e das escolas estaduais Padre Antonio Jorge de Lima e Antonio Xavier de Mendonça aplaudiram com entusiasmo a apresentação.
O espetáculo também levou alegria e emoção a um grupo, muito especial, que fez parte do público - os integrantes da SAPAB (Associação de Apoio à Pessoa com AIDS de Bauru

29/06/2011

"Sonho que se sonha juntos é realidade"





O público aplaudiu de pé o espetáculo “O Princípio do Espanto”, apresentado pela Companhia Morpheus Teatro, que abriu a Mostra de Bonecos Bauru 2011 - 1° Festival Internacional de Bonecos.  O evento, que iniciou ontem e encerra no dia 3 de julho, coloca Bauru na rota dos grandes festivais de teatro e dá ao público a oportunidade de conhecer de perto a magia da arte bonequeira.

No começo do espetáculo o público, ainda tímido, parecia temer manifestar suas emoções diante do boneco de rosto neutro e sem fala. Aos poucos, os movimentos e as vibrações de cada gesto prenderam a atenção, provocando reações que acabaram interagindo o público com o espetáculo.

Em ‘O Principio do Espanto’, João Araujo usa a  boca para a animação da cabeça do personagem, criando uma imagem rica que, por sua concepção física, o remete à imagem poética do “sopro divino”. É o momento mágico em que o criador assopra a vida para dentro da criatura, citado na Bíblia. Esta relação, assim, acabaria por criar e determinar a relação base entre criador/criatura (manipulador/boneco), e que encontrou, ainda, em trechos do poema ‘Elegias de Duíno’, de Rainer Maria Rilke.

Araujo explicou, que para manipular o boneco e criar a ilusão presenciada pelo público foi preciso “muito suor” e mais de 13 anos de dedicação.

“O boneco é como um instrumento. É preciso aprender a tocar o boneco. Aprender cada nota, cada movimento, as pequenas nuances. A emoção vem desse instrumento que me acompanha a tanto tempo. Agora, consigo tocá-lo, sentir o barulhinho da platéia”, afirmou o artista.

Fora do palco, o boneco recebe o nome de Robertinho, com o qual Araujo disse ter iniciado suas pesquisas na arte bonequeira.

“Aprendi muito a manipular com esse boneco. Foi preciso muito trabalho para que ele conseguisse falar sem voz, somente através do movimento. Às vezes alguém me diz que ele pareceu estar sorrindo ou chorando. A máscara do boneco é sempre a mesma não muda o rosto, muda  a luz, a sombra, o movimento do corpo que permite essa ilusão”, disse ele.


O resultado de toda essa dedicação e talento tem sido levado pela Companhia Morpheus Teatro a todo o Brasil e também ao exterior. No entanto, Araujo fez questão de lembrar que tudo começou em festivais como o que está ocorrendo em Bauru.

“Nascemos em festivais como este, que são importantíssimos para os artistas e o público. As pessoas não têm o costume de assistir espetáculos de bonecos feitos para adultos. Fiquei feliz de ser convidado, tomará que este festival dure muitos anos”, disse ele.

Continuidade



Se depender da vontade do secretário Municipal da Cultura de Bauru, Elson Reis, e do coordenador da Oficina Cultura Glauco Pinto de Moraes, Paulo Rogério Pereira, o desejo de Araujo vai se tornar realidade.

“Bauru merece um evento como este. No ano que vem podem contar com a Secretaria. Tenho certeza que a Prefeitura dará apoio à continuidade do festival”, disse o secretário.

Segundo Reis, a Secretaria tem interesse em ajudar a proporcionar a Bauru um espetáculo desse nível porque para o público significa ver, não só o que está acontecendo aqui, mas em outros países.
“São companhias consagradas, que o público tem a oportunidade de conhecer, sem custo, devido à democratização do acesso as artes promovidas pela Secretaria. Para o produtor cultural bauruense, principalmente os que trabalham com teatro, é  a oportunidade de se integrar, trocar idéias, de ver de forma técnica como às coisas estão acontecendo e se reciclarem”, disse ele

O secretário também disse que o festival é somente o começo de um projeto maior e de um evento que começa grande na qualidade.

“Prefeitos da região já manifestaram interesse no projeto. É uma idéia que deu certo e tem tudo para que em 2012 seja ainda melhor", disse Reis.

Sonho real

O coordenador da Oficina Cultural também manifestou o desejo de que o festival se torne um marco na vida cultural bauruense.

Pereira lembrou que quando foi procurado pela curadora e o produtor do projeto, Mariza Basso e Kym Junior, respectivamente, ficou decidido que fariam um trabalho que marcasse Bauru e colocasse a cidade na rota dos grandes festivais, como os que ocorrem em outras cidades da região.

“Esta é apenas a primeira mostra. Temos falhas a corrigir. No ano que vem vamos dar uma incrementada”, disse Pereira.

O coordenador concluiu, citando uma frase de uma música de Raul Seixas que, segundo ele, expressa exatamente o que foi a idealização do projeto.
“Sonho que se sonha junto é realidade”, disse.